sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Seu colega de trabalho reclama de tudo?

Bem, numa visão bastante generalista, foi na década de 80 que houve uma explosão de reclamações em tudo quanto é lugar, começando pelas escolas. Nunca se viu tanta gente lutando abertamente por um monte de coisas. Os professores mais admirados eram aqueles que falavam mal das coisas do país e até mesmo da própria escola abertamente aos alunos, que concordavam com tudo e se uniam àqueles para botar a boca no mundo. Talvez isso tivesse uma explicação pelo pós-militarismo que impedia até mesmo que se falasse mal do presidente da república em sala de aula, o que constituía crime.

Com o passar do tempo, as pessoas perceberam que o "monstro" oponente era tão humano e real quanto elas mesmas. Caso permanecessem apenas se queixando de tudo e de todos se transformariam em figuras quixotescas, tentando exterminar dragões imaginários. Ora, quem queria algo ia lá e pegava. Quem tinha uma queixa contra alguma empresa ia lá no Procon, nos juizados de pequenas causas ou nas delegacias do trabalho e sem nehum interlocutor procurava sanar seus problemas.

Os sindicatos mudaram de perfil e atitude. Assim como os jovens universitários, que deixaram de pichar paredes com "fora FMI!". Não que adotaram uma postura passiva, complacente com o peso dos capitalistas selvagens, mas mudaram a linguagem e foram fazer outra coisa.

E hoje em dia ninguém suporta mais que um colega de trabalho passe o dia inteiro reclamando da empresa. No serviço público, observa-se a cena com maior freqüência por aqueles que não sabem o que é trabalhar por resultado. Mas, enfim, uma coisa é se queixar de um salário que não saiu no dia por motivo não justificado, ou ter que ir trabalhar ainda que sob atestado médico por não haver quem substitua. Outra coisa é passar o dia todo, todos os dias reclamando para os colegas de trabalho da empresa insuportável. Se é algo que dá para ele mesmo consertar, que vá lá e faça. Caso contrário, o remédio é ficar calado e procurar um emprego melhor. E quanto aos colegas que são obrigados a ouvir o dia todo a ladainha do queixoso, a melhor saída é fazer de conta que não estão ouvindo nada. Afinal, tanto para pessoas que só sabem reclamar assim como para os fofoqueiros de plantão, o silêncio mata o mal pela raiz.

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